KTM em crise: uma das líderes globais no segmento de motocicletas, enfrenta um grave problema financeiro. A marca austríaca pediu recuperação judicial para lidar com dívidas milionárias e tem 90 dias para apresentar um plano de reorganização.
A KTM, conhecida mundialmente por sua excelência no mercado de motocicletas, está vivendo um dos momentos mais desafiadores de sua história. A fabricante austríaca pediu recuperação judicial em meio a dívidas milionárias que ameaçam sua operação. Com um prazo de 90 dias, a empresa precisa apresentar um plano de reorganização aos credores para evitar consequências mais graves.
O pedido envolve os ativos da KTM AG e suas subsidiárias. Apesar disso, as operações das empresas de vendas, responsáveis por atender clientes em diversos países, não foram afetadas. Esse movimento é visto como uma tentativa de salvar a estrutura central da empresa, que continua administrando seus ativos sob supervisão judicial.
Recentemente, a KTM anunciou que suspenderá a produção em janeiro e fevereiro do próximo ano, além de reduzir sua diretoria executiva e realizar cortes de empregos Segundo informação do site New Atlas, isso deverá resultar em pelo menos 300 demissões na fábrica austríaca. Essas decisões reforçam a gravidade da crise que abalou o mercado de motocicletas, tradicionalmente liderado pela marca em segmentos como off-road e motos de alta performance.
Aquisições ousadas e pandemia
A crise na KTM surpreendeu o mercado, considerando o histórico recente de expansões estratégicas da marca. Em 2013, a KTM adquiriu a Husqvarna, um movimento que também trouxe a GasGas para seu portfólio. Mais recentemente, em março de 2023, o grupo Pierer Mobility, que controla a KTM, comprou 50,1% da italiana MV Agusta, conhecida por suas motos premium.
Essas aquisições fortaleceram a posição da KTM no mercado, mas também podem ter contribuído para a atual crise financeira. A rápida expansão, embora estratégica, parece ter pressionado a estrutura financeira da empresa. Agora, com o pedido de recuperação judicial, o futuro dessas marcas sob o guarda-chuva da Pierer Mobility enfrenta incertezas.
A COVID também pode ter sido das principais razões para a crise, de acordo com os conselheiros da Pierer Mobility. A explicação seria de que a pandemia levou a uma enorme demanda por veículos recreativos enquanto a KTM estaria com as atividades paralisadas. Com o fim da pandemia, a empresa aumentou sua produção, mas o consumo se estagnou e causou acúmulos nos modelos em diversas partes do mundo.
Lembrando que no Brasil, o pós-pandemia foi favorável para mercado duas rodas de baixa cilindrada, principalmente para atender a demanda dos serviços de entrega. Os modelos da KTM não se encaixam nessa categoria.
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A KTM em crise pode afetar o Brasil?
Em abril deste ano, a empresa recebeu autorização do Conselho de Desenvolvimento do Amazonas (Codam) para instalar uma fábrica em Manaus, com previsão de investimento de R$ 97 milhões e geração de 106 empregos.
Este projeto é visto como uma aposta promissora para fortalecer a presença da marca no país. Obviamente as noticias de crise são muito novas, mas até o momento, não existe nenhum indício de que não será cumprido. Mas corre-se o risco, diante das dificuldades financeiras divulgadas.
Atualmente, a KTM opera no Brasil por meio da Factory Powersports e mantém uma parceria com a Dafra para a montagem de modelos off-road e da linha Duke 390. Entretanto, a continuidade desses projetos pode depender do sucesso do plano de recuperação judicial da marca.
Sobre o grupo Pierer Mobility
O grupo Pierer Mobility, controlador da KTM, é uma das principais holdings do mercado europeu de motocicletas. Além das marcas KTM, Husqvarna, GasGas e MV Agusta, o grupo também atua no segmento de bicicletas elétricas e componentes de alto desempenho no mercado de supercarros, com o modelo esportivo KTM X-Bow.
Essas operações diversificadas demonstram a força do grupo, mas também evidenciam o desafio de gerenciar múltiplos negócios em um cenário econômico global volátil.
Em agosto, o grupo reduziu significativamente suas projeções ganhos para 2024. Seu relatório financeiro foi divulgado e as coisas estavam consideravelmente piores do que o previsto. Em comparação com o primeiro semestre de 2023, o grupo anunciou perdas superiores a 172 milhões de Euros (em conversão direta, mais de 1 bilhão de reais). O preço das ações da Pierer Mobility AG despencou como resultado e sua dívida líquida aumentou em 89,3%.